Thursday, January 13, 2005

Ultimo Beijo



As bocas ameaçavam
jamais desunir-se.
A lua,
cúmplice apaixonada,
derramava sobre eles
o seu leite como uma benção.
Eram tantas palavras para serem ditas
e tantas outras para se calar...
Era o tempo chamando para ir
e o desejo querendo ficar.
Na sofreguidão daquele beijo cálido
agonizavam as últimas estrelas
e a lua já findava o seu reinado.
Se o desejo fosse mais forte que a razão
a noite seria eterna,
porém nem aquele ávido amor era eterno,
a breve noite não poderia ser.
Assim como o último beijo
é eterno enquanto dura,
e faz-se presente em cada despedida,
aquele seria apenas o último...
até o próximo adeus.
É aquele que fica,
que permanece intacto na memória.
Tão último que ainda continua
húmido nos meus lábios.
Tão quente que acende
a chama da lembrança.
E a saudade arde.
É a vontade de ter novamente
aquela madrugada nos olhos.
É o desejo de ter tão ávidos beijos,
infinitos abraços,
eterno amor,
que embora se finde a cada despedida,
renasce na luz da lembrança.
E quando não há nada mais
do que se recordar,
permanece a marca...
como uma cicatriz de paixão,
como a união de todos os desejos,
como se a vida fosse acabar.
É eterno,
mesmo sendo efêmero.
É o que fica da saudade.
Um momento de amor.
O último beijo.

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