Nada de novo

Anoitece em cada coisa que possuo e continuo a ver no pensamento a mesma chama e no fim fumo e residuos.
Porque será que termino sempre nesta ruela onde nem chega a lua?
Já tive, uma vez, a idéia de rasgar a vida, circuito inútil em que me destruo...
Mas não consegui!
Mais uma vez...
NADA de novo!
O dia hoje veio como os outros:
O mesmo SOL
Os mesmos OLHARES no rosto do tempo,
E aqui estou EU SOZINHA
À espera que talvez amanhã a manhã me restitua o corpo que gastei...

Achas

que se pode perdoar alguém que nos espetou uma faca até à alma!!???

Solidão

pintura de manuela pinheiro "solidão em bola de balão"

Falo-te da solidão. Da minha solidão.

Essa luz de inverno acesa dentro de mim

noite e dia.

Barco à deriva,

sem porto de abrigo ou de partida.

A minha solidão

é uma grande árvore que cresceu só

entre os semáforos de uma cidade.

É um sentimento de culpa

de nada ter perdido e de nada ter ganho.

A minha solidão

é um conjunto irregular de estilhaços

que te coloco entre as mãos:

Memórias de uma passageira do tempo.

You can't ever get everything you want

Quem sou eu?

Sou alguém que nasceu e vai vivendo
Sou alguém que ama e gosta de amar
Sou aquela que chora quando a magoam
Sou alguém que sofre
Alguém que quer viver com alegria.

Sou um ser imperfeito
Mas com muita esperança
Sou aquela que procura a sorte.

Não sou quem aparento
Não sou o que quero ser
Sou apenas aquilo que sou...

Silêncio

Silêncio é a face da vida, que outrora se encontrou adormecida no fundo de um bonito e limpido lago.
É a censura daqueles que por vezes dizem coisas sem sentido.
É o corte da palavra para todos os que querem "gritar".
Silêncio é o paraiso eterno que algum dia todos iremos habitar. É a saudade de um lugar desaparecido, queimado pelo ódio.
É dizer algo sem dizer nada, admitindo que somos ou não solitários como o mundo cruel em que vivemos.
Mas, apesar de tudo, o silêncio não passa de uma voz interior que nos faz sonhar, pensar e dizer tudo aquilo que queremos.
É estar no mundo e gritar tão alto quanto podemos...

Trapos

Escondo-me debaixo de trapos, que reflectem aquilo que sou sem ter de o dizer.
Personifico-me e ganho identidade coberta de trapos, que nada dizem da essência do meu ser.
Preencho algum vazio com trapos, com os quais aprendi a parecer sem o querer e com os quais ensinei a julgarem-me pelo parecer.
Revisto-me de trapos coloridos em dia de sol, de vestes negras a condizer com o nublado; engendro combinações para tapar a nudez que procuro em cada um que cruza o caminho.
De que servem estes farrapos quando somos feitos de carne e osso, matéria prima consistente, orgânicamente bela e autêntica? Mumificados, desejamos no sufoco alguma liberdade.
Enquanto se depositam juízos de valor nestes trapos, todos eles são inúteis quando queremos amar, respirar, resfrescar e purificar o espírito. São eles o obstáculo à flor da pele, quando nos queremos fundir e celebrar a essência de corpos obstruídos... por trapos.

O mundo para cada um de nós

só existe na medida em que se confina na nossa vida. Naquilo que vemos, sonhamos, tememos e acreditamos.
E cada um de nós encerra um mistério que nem nos próprios entendemos,é por isso que ao sermos espectadores da nossa existência sofremos quando a vemos caminhar por onde não queremos ir.
Mas assistimos, impávidos e impotentes, ao curso natural das coisas.
Quando sonhamos muito corremos o risco de deixar de viver neste mundo, passamos para outra dimensão e aquilo com que sonhamos passa a ser o nosso desejo.
E é em função disso que respiramos, vivemos, adormecemos e acordamos...

Feliz dia da CRIANÇA!!!