Sunday, June 11, 2006

Trapos

Escondo-me debaixo de trapos, que reflectem aquilo que sou sem ter de o dizer.
Personifico-me e ganho identidade coberta de trapos, que nada dizem da essência do meu ser.
Preencho algum vazio com trapos, com os quais aprendi a parecer sem o querer e com os quais ensinei a julgarem-me pelo parecer.
Revisto-me de trapos coloridos em dia de sol, de vestes negras a condizer com o nublado; engendro combinações para tapar a nudez que procuro em cada um que cruza o caminho.
De que servem estes farrapos quando somos feitos de carne e osso, matéria prima consistente, orgânicamente bela e autêntica? Mumificados, desejamos no sufoco alguma liberdade.
Enquanto se depositam juízos de valor nestes trapos, todos eles são inúteis quando queremos amar, respirar, resfrescar e purificar o espírito. São eles o obstáculo à flor da pele, quando nos queremos fundir e celebrar a essência de corpos obstruídos... por trapos.

2 comments:

ricardo said...

oi!
passei para te deixar um beijinho!
;)

Adilia Pinto said...

Tavas profunda qdo colocaste este post :)

Ja vi teu post do acampamento onde tiveste.
Tava em Julho de 2005.
Deixei lá comentário. o Acapamento ta super fixe!! Excelente mesmo!!

Jinhos, Dili