Wednesday, November 02, 2005

Quem me dera ser só

Já não sei que sonhos me animam as noites, que manhãs me iluminam o céu.
Descem-me nas janelas mágoas que devia perder, a chuva embala-me na minha sombra e eu não esqueço tudo o que sei. E devia.
Vou passando pelos dias de mãos dadas com não sei que Deus que me acolheu. O fantasma da minha dor fica no céu e não me deixa. Eu, já não sonho. Espreito pela nesga do cortinado as poças de água que me sobram da dor. À noite, tudo será melhor. A Lua continua a balançar-me o peito que traz preso na face, a minha voz não se cala.
O vento da noite gira no céu e canta. E é tudo.
Quem me dera ser só.

2 comments:

ricardo said...

"Quem me dera ser só."???
Estar só é uma chatice...
bjinho

Steïn said...

"Quem me dera ser só."

Porque a solidão conforta o ser,
porque a vida só vale a pena ser vivida acompanhado, mas as sombras que vagueiam perto nunca se aproximam, e os seres que saem debaixo da cama para assustar não têm corpo.
Resumimos o nosso ser a todos aqueles que conhecemos, esquecendo que devemos conhecer-nos a nós próprios primeiros.