Sunday, December 31, 2006
Friday, December 29, 2006
"Naquela noite
(...) Apetecia-me ter ficado a conversar contigo até de manhã (...) senti-me em casa contigo dentro do carro, a tua voz era-me familiar, o teu olhar, a forma como falavas, as palavras que escolhias...
Nunca me acontecera isto antes, pelo menos de uma forma tão intensa e inequívoca. Tenho algum talento para encontrar pessoas com quem descubro quase instantaneamente múltiplas afinidades, mas o que senti naquela noite era diferente, muito mais profundo e, no entanto, infinitamente mais simples. Como se fizéssemos parte da vida um do outro desde sempre e a existência, por uma misteriosa razão, tivesse separado o que devia ter unido. Talvez a minha visão seja demasiado poética, exagerada, mas o amor é isto mesmo, ou se vive sem limites, ou então não vale a pena. (...)
Adorei-te logo, desde o primeiro instante, mas fiquei quieta, não quis que percebesses. (...)
O que eu queria era ficar contigo todos os minutos possíveis, como acontece aos apaixonados, mas também queria fazer tudo bem feito e por isso contive-me, deixando o momento respirar e sonhar contigo acordada, desejando que fizesses o mesmo. (...)
Sei que te vais rir quando leres estas linhas. (...) Porque o amor é mesmo isto; olhamos para o objecto amado no pedestal onde nós o colocamos, como um sonho impossível, numa nuvem que quase se consegue tocar, uma imagem à qual queremos ascender, uma miragem na qual desejamos mergulhar para sempre. Apaixonamo-nos para nos podermos elevar do mundo como ele é, dos seus cinismos e da sua brutalidade inevitável.
O amor serve para voar por cima das coisas más. O amor transforma os homens em heróis e as mulheres em fadas. E o meu amor por ti dá-me asas para sonhar, arriscar, descobrir, rir, sentir e, mais importante do que isso, escrever. Os poetas falavam das musas porque eram homens. Se fossem mulheres, teriam certamente os seus musos, como tu. (...)
Se não tivesse encantada contigo, quase poderia dizer que estava ali o início de uma bela e grande amizade. Mas conheço-me muito bem para saber que não foi como um novo amigo que olhei para ti. Olhei para ti como uma mulher olha para um homem quando o deseja, quando sonha com ele, quando quer entregar-se a ele e senti-lo dentro dela. E quando olhei para ti a primeira vez, houve uma coisa muito mais importante do que o que estava a sentir nessa noite..."
in Diário da tua ausência, Margarida Rebelo Pinto
Porque há historias com as quais nos identificamos
Nunca me acontecera isto antes, pelo menos de uma forma tão intensa e inequívoca. Tenho algum talento para encontrar pessoas com quem descubro quase instantaneamente múltiplas afinidades, mas o que senti naquela noite era diferente, muito mais profundo e, no entanto, infinitamente mais simples. Como se fizéssemos parte da vida um do outro desde sempre e a existência, por uma misteriosa razão, tivesse separado o que devia ter unido. Talvez a minha visão seja demasiado poética, exagerada, mas o amor é isto mesmo, ou se vive sem limites, ou então não vale a pena. (...)
Adorei-te logo, desde o primeiro instante, mas fiquei quieta, não quis que percebesses. (...)
O que eu queria era ficar contigo todos os minutos possíveis, como acontece aos apaixonados, mas também queria fazer tudo bem feito e por isso contive-me, deixando o momento respirar e sonhar contigo acordada, desejando que fizesses o mesmo. (...)
Sei que te vais rir quando leres estas linhas. (...) Porque o amor é mesmo isto; olhamos para o objecto amado no pedestal onde nós o colocamos, como um sonho impossível, numa nuvem que quase se consegue tocar, uma imagem à qual queremos ascender, uma miragem na qual desejamos mergulhar para sempre. Apaixonamo-nos para nos podermos elevar do mundo como ele é, dos seus cinismos e da sua brutalidade inevitável.
O amor serve para voar por cima das coisas más. O amor transforma os homens em heróis e as mulheres em fadas. E o meu amor por ti dá-me asas para sonhar, arriscar, descobrir, rir, sentir e, mais importante do que isso, escrever. Os poetas falavam das musas porque eram homens. Se fossem mulheres, teriam certamente os seus musos, como tu. (...)
Se não tivesse encantada contigo, quase poderia dizer que estava ali o início de uma bela e grande amizade. Mas conheço-me muito bem para saber que não foi como um novo amigo que olhei para ti. Olhei para ti como uma mulher olha para um homem quando o deseja, quando sonha com ele, quando quer entregar-se a ele e senti-lo dentro dela. E quando olhei para ti a primeira vez, houve uma coisa muito mais importante do que o que estava a sentir nessa noite..."
in Diário da tua ausência, Margarida Rebelo Pinto
Porque há historias com as quais nos identificamos
Thursday, December 28, 2006
Sunday, December 24, 2006
Wednesday, December 20, 2006
Saturday, December 16, 2006
Wednesday, December 13, 2006
Desenha-me...
desenha-me contra a loucura dos dias
agora que o mundo está perdido
e as cores se despem na terra
não vês as rugas no meu rosto?,
ou a rudez do meu corpo?,
desenha-me nas costas dos defeitos
e finge esquecer as virtudes
carrega nas feridas que nao saram
abre-as para a perversidade
consome-te nas nódoas da pele
na deformidade dos ossos
e talvez da folha nua
se erga um monstro
um monstro feio para as virtudes
agora que o mundo está perdido
e as cores se despem na terra
não vês as rugas no meu rosto?,
ou a rudez do meu corpo?,
desenha-me nas costas dos defeitos
e finge esquecer as virtudes
carrega nas feridas que nao saram
abre-as para a perversidade
consome-te nas nódoas da pele
na deformidade dos ossos
e talvez da folha nua
se erga um monstro
um monstro feio para as virtudes
Friday, December 08, 2006
Wednesday, December 06, 2006
Friday, December 01, 2006
Anjo
À tempos as minhas asas estavam quebradas, só uma coisa me prendia ao chão..
Minha liberdade era limitada [mas gostava disso
Eu um anjo caido....
precisava do chão, não tinha necessidade de voar
brincava de ser feliz no mundo cheio de desgraças....
Mas o meu tesouro se foi...
o meu amor se foi...
concertei minhas asas e agora posso voar [não que eu queira
mas preciso
uma lágrima toca meu rosto, e meu corpo nú e cru reflecte minha alma [ triste
agora o céu é meu limite já que agora não posso mais tocar o chão
amei mais do que tudo e todos,
mas meu amor não foi tão grande o quanto queria
não confiaste em mim!
Mas para quê confiar em um anjo de asas quebradas?
E eu agora, antes de poder voar, sentanda num banco espero sozinha [sem alma
o comboio para a próxima estação
quero que, não seja a tua consolação e sim meu paraíso!
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