Tuesday, February 28, 2006

Carnaval



Nossas bocas costuradas, ponto a ponto, com o fio delgado, transparente da baba do engodo...
Capuzes pálidos de um medo compreendido, mais nunca explicado, desfilam
Cantando que o samba não tem cor...
E louvamos a liberdade em enredos, enquanto, que ao nosso lado, as sombras
Tremeluzentes de todos os nosso avós, lutam para avivar, em nossa memória distraída,
A chaga da sempre diária quarta-feira de cinzas...
Precisamos sim, pendurar atrás da porta essa fantasia transada de paciência que escora
Com alegorias os nossos abrigos febris até fevereiro do próximo ano...

de Paulo Colina

Sunday, February 26, 2006

Liberdade

Entender o quê da vida? Simplesmente cansei de questionar.
Estou abrindo as portas do meu ser e te mandando embora...
Chega de palavras ditas e esquecidas, sentimentos que machucam, eu simplesmente estou me despindo disso tudo, cada um no seu devido lugar.
Liberdade, isso é o amanhã...

Saturday, February 25, 2006

Tempo passa


O que se passa
é que o tempo passa
sem que nada se passe.
O que se passa
é o que vai passando,
é o tempo que passa
sem nada que se passe.

Wednesday, February 22, 2006

Dois dedos de conversa...

Monday, February 20, 2006

Who I love

Who I love is mine
But in a way not mine
Because he hurt me in so many ways,
I can not describe
My love goes on but the pain that is in my heart never dies.
These feelings I wish I could hide
But they show when you look in my eyes.
The tears that I have shed,
You probably don't even care for
Because they mean nothing to you,
What happened, where did we go wrong?
How did our love slowly drift apart when it was so strong?
We were good friends, we were close
But what came between us - I still don,t know!
Was it something I did? I'll never know.
All I wish is that it could be like, it was before!!

Sunday, February 19, 2006

Cais


E assim me perdi das palavras, me encontrei durante o silêncio...

Aprendi algo? só o tempo dirá...

Saturday, February 18, 2006

"But i still haven't found what i'm looking for..."

Searching...



You have found nothing.

Friday, February 17, 2006

An endless road...






...am I walking all alone?

Há de vir alguém
ao meu encontro na estrada.

Tuesday, February 14, 2006

Two hearts to love...

Sunday, February 12, 2006

Se ao menos

eu soubesse o outro lado, o caminho de que todos fogem e que tanto anseio, se eu soubesse, por um dia, a paz da inexistência, onde os passos que transpiro seriam nada mais do que passado.
A vida não me apetece, nem outro dia igual neste sítio onde ninguém vê a sombra com que desfilo a cada momento - nem tu, ainda que me passeie com a minha mágoa diante dos teus olhos todo o tempo.
Como é ténue a diferença, a linha que te separa da calma que há tanto espero, como cansa a luta que já não travo em nome da minha esperança aguda. Como queria que a noite caísse mais uma vez, de vez. Já não sei ficar aqui, os fragmentos que antes foram eu, já só me afogam o sorriso, tira-me deste sítio onde chove o tempo todo e onde já não tenho espaço para ficar, não há ninguém que me apresse o tempo?, nem tu, nem mesmo tu alguma vez creste a solidez das minhas palavras - não vias que me saíam do peito??
A vida não me apetece...

Friday, February 10, 2006

Life without friendship...

Wednesday, February 08, 2006

Eu...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
de Florbela Espanca

Saturday, February 04, 2006

Conto

Lucinda era uma donzela do século XV, de boas famílias de origem nobre. Vivia num palácio rodeado por imensos prados verdes, de um verde luminoso que lhe iluminava o rosto. As flores rodeavam a varanda do seu quarto. Lucinda gostava muito das suas flores, que alegravam os seus dias, e eram a única coisa que conseguia secar os seus olhos molhados.
Os seus dias eram artificiais e confusos, nas festas da corte tinha de inventar sempre um sorriso, e dançar com os rapazes mais bonitos, mas nada disso a preenchia.
À noite, sozinha no seu quarto, sentia a sua vida passar. Cada segundo que o relógio indicava, entravam dentro do seu ser e deixavam-na triste, sem razões para continuar. Tinha tudo para ser feliz. Só uma coisa não a fazia desistir: dentro dela, o seu mundo, era em tudo diferente deste em que ela vivia.
Sem saber onde estava, nem para onde ia, o mais importante é que sabia o que queria. Nem as festas da corte, nem os vestidos a faziam sorrir. Sim, porque um verdadeiro sorriso, não significava só sorrir com os lábios, mas sim com os olhos.
Vivia à espera de um grande amor, de um amor que a fizesse voar, que completasse todo o seu corpo, um amor que fizesse cantar a sua alma.
As únicas viagens que gostava, eram as que fazia ao interior de si própria, era aí que se descobria, era aí que ela sorria e sonhava com o seu amor.
Procurava um sentimento mais alto, às vezes corria pelos prados e deitava-se ao sol, buscando nele e na natureza, o seu relógio.
Brincava com os pássaros, entrava nos seus cantos, parecia até falar com eles. Contava-lhes os seus desejos, confessava-lhes o seu amor, explicava-lhes que queria com todas as suas forças encontrar o seu grande amor, e este não era o que o seu pai tinha ambicionado para ela.
A vida era muito mais fascinante e misteriosa cantada e sentida a dois.
Existia um rapaz, que ela uma vez tinha visto, numa ida à cidade, nunca se tinham visto, mas houve um olhar, um simples olhar livre de tudo. Este olhar enchia os seus dias, completava-os.
Nos seus sonhos, era aquele olhar que a fazia feliz, era nele que apostava a mudança da sua vida.
Aquele olhar, era de um rapaz que vivia na cidade, de seu nome Leonel.
A sua vida era difícil. Tinha o dia todo ocupado. A sua única satisfação eram as estrelas e a lua. A noite era o único espaço de tempo que ele podia sentar-se a contemplá-los. Ao olhar para a lua, sentia aquele olhar a sorrir-lhe, aquela simplicidade que iluminava as próprias estrelas. O sol, não o admirava, fazia-o ver o mundo no qual não se integrava. Sentia que a sua essência não o chamava para este mundo. Tudo era mecânico e monótono, nada o preenchia. Só o estar vivo e respirar vida, lhe fazia transpirar de alegria. E deitar-se à noite, na relva e invocar as estrelas, em todas encontrava o sorriso de Lucinda.
Dava tudo para buscá-la e amá-la, para a sentir e para a abraçar, numa profunda comunhão, como as estrelas, e fugir, correr pelos prados.
Muito tempo passaram os dois, a viver nesta situação. Leonel não tinha outro pensamento, senão o sorriso de Lucinda e o modo como este iluminava o céu, tal como as estrelas na sua noite.
Era para ela que ele vivia.
O mesmo acontecia com Lucinda. Leonel (soubera o seu nome por uma das criadas de seu pai), era a sua própria vida, todo o seu contentamento, toda a sua única alegria de viver.
Os dois sonhavam juntos, um no outro, um de dia, outro à noite, nenhum dos dois pensava obter correspondência. Lucinda não sonhava que Leonel um dia pudesse chegar perto de si.
Enquanto isto, Leonel tentava todos os dias, apanhar uma carruagem e infiltrar-se no palácio de Lucinda, confessar-lhe o seu amor. O tempo passava e cada vez maior se tornava o seu desejo.

Friday, February 03, 2006

Gravações